Nossa Crença

Aqui expomos uma ideia clara do que acreditamos e mostramos com clareza os nossos pontos de vista de uma crença geral do que é a nossa religião. Não vou entrar em grandes pormenores e irei tocar no essencial. Qualquer outro ponto de vista é considerado e respeitado, mas não altera em nada aquilo que escrevo. Saliento também que esta religião não possui nenhuma “biblía” e tudo veio pela troca de conhecimentos de geração para geração.

 

Origem dos Santos Africanos

Em Africa, como no resto do mundo, existem distintas crenças, fundadas em algo original e histórico. Acredita-se que antigamente Deus (Olodumare) andava pela terra, mas não havia nem terra ou árvores, nem nada, unicamente rochas de lava, isto sucedeu por espaço de muitos séculos. Como consequência, o vapor produzido pelas lavas acumulou no espaço uma grande quantidade de nuvens que conseguiam-se suster. Isto era o que Olofi queria para que o Mundo se iniciasse e então descarregou esta nebulosa nuvem de vapor, e converteu toda esta água sobre a lava; e nas partes mais fundas ardeu e queimou muito a área, deixando mais fundo e se converteu em grandes oceanos. Assim nasceu todos os Yemanjas do mar, desde Ocute até Olokun. Assim, o africano crê que a lava que havia no planeta era a vontade de Olodumare, o que iluminava o sol (Algallù) e todos os demais.   

Antigamente, este Santo (Algallù) era o mais temido e respeitado. Depois de muitos dias, a cinza daquelas rochas incandescentes se acumularam nas partes mais altas e foram formando uma massa lamacenta, era esta a terra de Oricha Oko. Esta massa lamacenta trás podridão e epidemias; assim nasce Babalú Ayé. Produto das ervas, nasce Osaín. Os grandes montes são Oke, em elas nasceram os vulcões, onde Oggún faz o seu ferro. Da lava do vulcão nasceram os rios (onde nasceu Ochún e Nana Burukú). De aí nasceram os caminhos e veredas e o príncipe Elegwua.

Se fixam bem a história do nascimento da Terra, verão que Yemanjá e Oricha Oko são os Orichas que nasceram primeiro e está é a razão que são os criadores de todos os seres humanos e os pais da religião e mitologia Yoruba.

Santeria é uma religião animista

Quando falamos na nossa crença falamos sim da oportunidade em conhecer e alcançar a tranquilidade, segurança e evolução espiritual e material na nossa vida. A crença que temos em Deus nesta religião, será a mesma que outras religiões actuais veneram. Sabemos que a nossa veneração consiste mais do que simples palavras, ou acções. Consiste em conseguir alcançar a harmonia interior e alcançar em todo o sentido a palavra de Deus, nos seus actos e acções.

Quando falamos de Deus nesta religião, falamos de Olodumaré ou Olorun. Poder supremo e capaz de orientar a nossa vida, vista por muitos como um caminho para a salvação terrena e a paz celestial. Olodumaré é mais do que a criação divina, ou a criação do ser humano. Faz parte de cada ser humano num todo único e indivisivel. Cada pedra, terra, planta, ar, animal, agua, faz parte deste ser, dessa energia que emana e faz a vida florescer. Acreditamos que devemos dar a máxima importância a cada elemento da natureza, pois ela faz parte de Olodumaré. Não o vemos como um Deus irrado, vingativo e destruidor, também não o vemos como a bondade, ou a felicidade eterna.

Olodumaré é simplesmente a consciencia de todos nós humanos, que nas nossas acções terrenas fazemos acontecer as maiores proezas e conseguem atrair a felicidade as nossas vidas, como o lado obscuro do ser humano o leva a cometer crimes de uma natureza atroz. Neste contexto de dois lados da mesma energia, consiste Deus na sua máxima infinita sabedoria e conhecimento.

Nesta base toda a acção do ser humano, pode ser alterado para o lado bom ou mau simplesmente dependente das nossas escolhas na vida. Olodumaré faz parte da nossa caminhada no sentido de percerbemos as nossas falhas, e corrigir a nossa caminhada de forma a evitar a penalização pelos nossos errados actos. Acreditamos que nesta caminhada foi nos colocado ajudas espirituais ou guias espirituais, que são conhecidos por Orichas. Estes guias ou Orixás tem a função de encaminhar e ajudar o ser humano a encontrar caminhos e soluções na sua caminhada pela terra.

Este pensamento leva os seus crentes a acreditar que na natureza existem diversas energias capazes de nos ajudar o ser humano. Uma dessas energias é o mar que é considerado por muitos o berço da vida, a criação onde toda a humanidade deveria ter vindo e evoluído. O oceano é visto como uma das maiores Orichas nesta religião, chamada de Yembo no seu caminho original, ou Yemanjá, mãe de todos os seres vivos. O Aché (energia) de Olodumaré se traduz como a vitalidade, o poder, graça, ou bênção em todas as coisas na terra.

 

As mais importantes destas divindades ou Achés são Obatalá, Eleguá ou Echú, Yemayá, Changó, Ogún, Oyá, Ochún, Ochosí, Osaín, Orunmila, Babalú Ayé. Estas crenças vêm muito antes de muitas religiões actuais, incluindo a religião católica apóstolica romana. A Santeria sempre viu o mar como algo mágico e misterioso, mas acima de tudo o berço e o nascimento do ser humano e de todas as especies que vivem e habitam na terra. Crença actual de muitos cientistas, que consideram que a vida na terra teria vindo do mar. Por isso consideramos estar certos e convictos daquilo que acreditamos ser a mais correcta, deixando ainda aberta que a sabedoria estará, e está dividida por todas as religiões deste mundo.

 

Chegada da Santeria a America

A religião da nação Yoruba da Nigéria, em Africa Ocidental, chegou a América via Cuba, onde por motivos religiosos teve a necessidade em alterar a sua forma de culto e sintonizou-se com o catolicismo. A religião ficou conhecida como Regra de Ocha, ou a religião lucumí e varias religiões equivalentes se praticam no Brasil e, também em Africa ocidental. A Santeria não consiste num culto a santos católicos, pois estas eram só mascaras que assumiram os Orichas para poder sobreviver durante a escravatura nos corações dos seus devotos. Os Orishas são as divindades dos Yorubas, e a palavra “santo” é só utilizada devido a conveniência e a familiaridade.

Uma das maiores importancias na Santeria é a reverência e o respeito pelos nossos antepassados, e isso é de uma grande importância que se estabelece uma base sólida com os egúns (espiritos ancestrais) que estão interligados e fazem parte tanto do mundo espiritual dos Orishas, como dos humanos. A religião dos Orichas está ligada à noção da família a família numerosa, originária de um mesmo antepassado, que engloba os vivos e os mortos. O Oricha seria, em princípio, um ancestral divinizado, que, em vida, estabelecerá vínculos que lhe garantiam um controle sobre certas forças da natureza, como o trovão, o vento, as águas, ou então assegurando-lhe a possibilidade de exercer certas actividades como a caça, o trabalho com metais ou, ainda, adquirindo o conhecimento das propriedades das plantas e de suas utilizações. O poder " ACHE " do ancestral-orixá teria, após a sua morte, a faculdade de encarnar-se momentaneamente em um dos seus descendentes durante um fenómeno de possessão por ele provocado. Os antepassados mortos são tidos em alta estima na Santeria.

As oferendas a Deus nesta religião

As oferendas ou ofertas a Deus são feitas nesta religião animista de uma forma muito diferente de algumas religiões actuais. Não nos devemos esquecer que a Santeria provém e manteve-se inalterada desde o ano 1400 ac, até hoje no que concerne as oferendas a Deus. Essas oferendas foram sempre vistas de uma maneira a agradar a Olodumaré, para que este nos podesse atenuar as dificuldades nos nossos caminhos. Não devemos também esquecer que a própria religião católica manteve e mantêm algumas cerimónias ancestrais, de sacrifícios e divulga sempre a necessidade do sacríficio humano perante aquilo que Jesus Cristo passou na cruxificação. Desta religião chamada de Santeria os sacrifícios sempre foram vistos como uma obrigação do homem para Deus, e que servem para libertar-se dos fardos que carregamos.

Muitos activistas de direitos dos animais fazem criticas a prática da Santeria no sacrifício animal, declarando que é cruel e desumano. Os seguidores de Santeria alegam que as matanças são conduzidas da mesma maneira que animais são abatidos para consumo e isto não é necessariamente sádico. Além disso, o animal é cozinhado e comido mais tarde. Sabemos nós quem nem todos os rituais são feitos da mesma forma, e necessáriamente não podemos nos juntar a aqueles que o façam de uma forma “criminosa” e fora dos verdadeiros rituais. Não devemos esquecer que em 1993, a Corte Suprema dos Estados Unidos estabeleceu que leis de crueldade do animal dirigidas especificamente contra a Santeria eram inconstitucionais, e a prática não viu nenhum desafio legal significativo desde então.  

A iniciação nesta religião

O africano sempre acreditou e centrou a sua visão cosmica na ideia do ori, ou do seu destino. Ori é a cabeça física, assim como da nossa consciência, e pode ser também traduzida como "destino", ou "caminho escolhido". É o equivalente ao chakra da Coroa ou Chakra Coronário e contêm os elementos dos nossos ancestrais, como o nosso carácter, personalidade, e atitutes, e de onde provêm os nossos pensamentos, ideias, palavras, e as nossas acções. Sempre foi visto com um símbolo sagrado em todas as religiões.

Para os Yorubas e dentro da filosofia metafísica santera, Ori é também um Orisha. É o Orisha pessoal e individualizado com que nascemos, o que hoje os metafísicos estão chamando da Presença do nosso Eu Interior, e que caminha connosco através da nossa vida inteira. É o único Orisha que pode ir onde queira que vamos, e nos acompanha sempre em todas as nossas viagens. Os Yorubas crêem que um Ori contêm todo o Aché que se necessita para alcançar todas as coisas que possamos e queremos alcançar nesta encarnação, e sem o Ori nada é possível. É, para cada indivíduo, o Orisha mais PODEROSO, e a matriz da energia que contêm o anteprojecto do nosso destino escolhido antes de nascer.

Na crença yoruba, cada qual elege o seu Ori antes de nascer, ao pararmos diante de Deus e pedir uma oportunidade para encarnar. Assim, adquirimos um destino como parte do processo de NEGOCIAÇÃO de uma oportunidade na Terra, e obtivemos um ori, uma cabeça, uma identidade. O Ori é uma entidade vivente e um agente activo nesta vida. É um Orisha pessoal, o mais importante que cada qual têm, e pode orar, pedir, agradecer, e fortalecer por meio de certos rituais. Também elegemos antes de nascer nosso Orisha tutelar, que é um dos Orishas importantes que se elege para que nos ajude com o seu Aché para conseguir aquelas metas, projectos que queremos realizar neste planeta.

Baseado no que sabemos do Ori, é uma metáfora não só para nossa habilidade de evolução e tomada de decisões, senão também para a combinação de genes dos pais quando sucede a concepção, que é um processo onde nossos Eguns, ou antepassados, contribuem com os seus atributos para formar uma pessoa extraordinária e nova. Há muitos acontecimentos que sucedem na concepção, e na visão cosmica dos Yorubas, estes feitos são governados por nossa eleição pré natal do Ori. Portanto, se diz que o Ori se escolhe antes da concepção.

Um dos aspectos mais importantes e interessantes da espiritualidade yoruba e a sua sabedoria sagrada consiste na sua insistência em ajudar o iniciado a alienar-se com o seu Ori para cumprir melhor o seu propósito e potencial nesta encarnação. Nossa relação com os ancestrais e o Ori também nos ajuda a abrirmos e desenvolver os dons e habilidades herdadas. Todo isto ilustra também como a espiritualidade Yoruba honra a individualidade de cada pessoa e dos dons únicos que traz cada qual. Enfim, este é um resumo muito básico da espiritualidade dos Yorubas. Qualquer pessoa que deseje entrar neste sistema religioso, deve procurar um Ilé (casa espiritual) na sua cidade ou área, e desenvolver uma relação com um maior na religião.