BabaluAye

Uma vez Olusi (o Diabo) disse a Olofi que não terra não ficará um homem por tentar e que não tenha nenhum caído em tentação. Olofi disse que ainda restava um e que esse jamais cairia em tentação em renegar contra ele e que nunca faltaria ao respeito. Ele perguntou quem era esse homem e ele respondeu que se chamava Asowuano.

 

Então o Diabo lhe disse se ele estava seguro o iria tentar. Olofi apostou que não conseguiria. Olusi disse que iria provar que sim, e para tal efeito encheu de lepra o corpo de Asowuano. Quando este viu o seu corpo cheio de lepra, o Diabo apareceu e lhe disse que o conseguia curar, mas que ele devia renunciar a Olofi. Asowuano disse que não, e que preferia continuar doente, mas que nunca renunciava o seu Pai e o mandato deste. Olusi deu conta que não podia fazer nada, mas disse novamente a Olofi que consegui que ele caísse em tentação. Decidiu prová-lo mais uma vez e Olofi cheio de confiança lhe disse que estava bem, mas que esta seria a ultima oportunidade.

 

Nesta ocasião por onde desloca-se e passa-se Asowuano as pessoas sentiam nojo e fugiam dele, e atiravam cubos com água. Olusi voltou a aparecer e disse que o podia curar e voltar tudo como antes, se ele renuncia-se a Olofi. Em caso aceita-se daria-lhe um reino onde seria rei absoluto. Asowuano disse novamente que nunca renunciaria ao seu Pai e que sempre iria acatar os seus mandatos de este.

 

Olusi queria tentar de novo a conquista da alma de Asowuano, e esta valia por 100, mas Olofi disse que havia tido a sua oportunidade e que havia falhado. Como Asowuano provou ser uma boa pessoa na lei de Olofi este devolveu a saúde e um reino onde é senhor e dono. Também é o Deus da doença e do sangue, é este o motivo que Asowuano nos livra das doenças de sangue e outras. 

 

Quem é Asowuano

 

Asowuano chamado pelos devotos na Santeria (mas Omulú nos cultos afro-brasileiros) é um oricha africano visto como o Senhor da Morte, uma vez que é o responsável pela passagem dos espíritos do plano material para o espiritual. Muitas vezes confundido com o Oricha Obaluayê, tanto que, muitas casas de santo adoram Obaluayê e Asowuano como um só orixá, Asogwuano é, no entanto, um oricha que se aproxima de Obaluayê, mas possui uma identidade própria.

Mas assim como
Asowuano (Omulú) pode trazer a doença, ele também a leva. Os devotos lhe atribuem curas milagrosas, realizando oferendas de pipocas, em sua homenagem ou jogando-as sobre o doente como descarrego. Em algumas casas de santo, as pipocas são estouradas em panelas com areia da praia aquecida, lembrando a relação desse oricha, chamado respeitosamente de Baba ou Tatá Asowuano.

Afinal, conta uma lenda que Asowuano, muito doente, foi curado à beira-mar pela água salina, tendo yemanjá o tomado como filho adoptivo. Por isso, também são realizadas oferendas a Asowuano (Omulu) nas areias das praias do litoral. Vestido com palha-da-costa e com contas nas cores vermelha, preta e branca, Asowuano dança o opanijé, dança ritual marcada pelo ritmo lento com pausas, enquanto segura em suas mãos o xaxará, instrumento ritual também feito de palha-da-costa e recoberto de búzios. Em alguns momentos da dança, Asowuano espanta os eguns, os espíritos dos mortos, com movimentos rituais.

Asowuano também possui rela��ão com Iansã, em especial Oiá Igbalé, caminho de Iansã que costuma dançar na ponta dos pés e direciona os eguns para o reino de Omulú. Junto a Nanã Buruquê e Oxumaré, forma a família de orixás, costuma ser reverenciado às segundas-feiras e sincretizado com os santos católicos São Lázaro e São Bento de Núrsia, patrono da boa morte.

 

Origem e História

Asowuano é a Terra! Essa afirmação resume perfeitamente o perfil desse oricha, o mais temido entre todos os deuses africanos, o mais terrível oricha da varíola e de todas as doenças contagiosas, o poderoso “Rei Dono da Terra”.

É preciso esclarecer, no entanto, que Asowuano está ligado ao interior da terra (ninù ilé) e isso denota uma íntima relação com o fogo, já que esse elemento, como comprovam os vulcões em erupção, domina as camadas mais profundas do planeta. Toda a reflexão em torno de Asowuano ocorreu colocando-o como um orixá ligado a terra, o que é correctíssimo, mas não deixa de ser um erro desconsiderar a sua relação com o fogo do interior da terra, com as lavas vulcânicas, como os gases etc. o que pode ser mais devastador que o fogo? Só as epidemias, as febres, as convulsões lançadas por Asowuano!

 

Asowuano é o fogo que varre, que arrasta para a morte - como as lavas de um vulcão. Orixá cercado de mistérios, Asowuano (Omolu) é um deus de origem incerta, pois em muitas regiões da África eram adorados deuses com características e domínios muito próximos aos seus. Asowuano seria rei dos tapas, originário da região de Empé. A esse respeito, a história revela que Obaluaiê, acompanhado de seus guerreiros, teria se aventurado pelos quatro cantos da Terra. O poderoso oricha massacrou todos os seu inimigos, um ferimento feito por sua flecha tornava as pessoas cegas, surdas ou mancas. Em território Mahi, no antigo Daomé, chegou aterrorizando, mas o povo do local consultou um babalaô que lhes ensinou como acalmar o terrível orixá.

 

Fizeram então oferendas de pipocas, que o acalmaram e o contentaram. Asowuano construiu um palácio em território Mahi, onde passou a residir e a reinar como soberano, porém não deixou de ser saudado como Rei de Nupê em pais Empê (Kábíyèsí Olútápà Lempé).  As pipocas, ou melhor, deburu, são as oferendas prediletas do oricha Asowuano; um deus poderoso, guerreiro, caçador, destruidor e implacável, mas que se torna tranqüilo quando recebe sua oferenda preferida. Como se pôde observar, até aqui temos utilizando os nomes Asowuano (Omolu e Obaluaiê) indistintamente para designar o grande orixá das doenças epidêmicas, e não há nada de errado nisso.

 

Obaluaiê significa "Rei dono da Terra" e Asowuano,"Filho do senhor", resta saber que "Senhor" é o pai de Asowuano.

Portanto Asowuano é, sim, o filho do senhor, mas do senhor Obaluaiê. Trata-se de duas qualidades do mesmo oricha, mas as pessoas costumam confundir as coisas e dizer que Asowuano é o pai e Obaluaiê o filho, esse é um equívoco que se reproduziu ao longo dos anos. Na África são muitos os nomes de Asowuano, que variam conforme a região. Entre os tapas era conhecido Xapanã (Sànpònná); entre os fon era chamado de Sapata-Ainon,que significa ‘Dono da Terra’; já os iorubás o chamam Obaluaiê e Asowuano.

Asowuano nasceu com o corpo coberto de chagas e foi abandonado por sua mãe, Nanã Buruku, na beira da praia. Nesse contratempo, um caranguejo provocou graves ferimentos em sua pele. Iemanjá encontrou aquela criança e a criou com todo amor e carinho; com folhas de bananeira curou as suas feridas e o transformou em um grande guerreiro e hábil caçador, que se cobria com palha-da-costa (ikó) não porque escondia as marcas de sua doença, como muitos pensam, mas porque se tornou um ser de brilho tão intenso quanto o próprio sol. Por essa passagem, o caranguejo e a banana-prata tornaram-se os maiores ewò de Obaluaiê.

O capuz de palha-da-costa-azê (azé) cobre o rosto de Obaluaiê para que os seres humanos não o olhem de frente (já que olhar diretamente para o próprio sol pode prejudicar a visão). A história de Asowuano explica a origem dessa roupa enigmática, que possui um significado profundo relacionado à vida e à morte.

O azê guarda mistérios terríveis para simples mortais, revela a existência de algo que deve ficar em segredo, revela a existência de interditos que inspiram cuidado medo, algo que só o iniciados no mistério podem saber. Desvendar o aze, a temível máscara de Asowuano, seria o mesmo que desvendar os mistérios da morte, pois Asowuano venceu a morte. Embaixo da palha-da-costa, Obaluaiê guarda os segredos da morte e do renascimento, que só podem ser compartilhados entre o iniciados.

 

A relação de Asowuano com a morte se dá pelo facto de ele ser a terra, que proporciona os mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida. O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua frágil diante de Asowuano, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Asowuano é a terra, que vai consumir o corpo do homem por ocasião de sua morte. Por isso é que se diz que Asowuano mata e come gente.

Essa é a prova de que Obaluaiê andou por todos os cantos da África, muito antes, inclusive, de surgirem algumas civilizações. Do ponto de vista histórico, Asowuano é a idade anterior à Idade dos Metais, peregrinou por todos os lugares do mundo, conheceu todas as dores do mundo, superou todas. Por isso Asowuano tornou-se médico, o médico dos pobres, pois, muito antes da ciência, salvava a vida dos desvalidos; durante a escravidão, só não pôde superar a crueldade dos senhores, mas de doenças livrou muitos negros e até hoje muitos pobres só podem recorrer a Asowuano que nunca lhes falta.

 

 

 

 

 

Dia da semana…………….Segunda-feira
Cores…………………….Preto, branco, vermelho
Bebida……………………Água, vinho tinto
Sincretismo……………….São Lázaro (17.12) e São Roque (16.8).
O que faz…….Castiga com doenças, mas também cura os males.
Saudação………………….Atotô!
Presentes predilectos………..Velas, charutos, suas comidas e bebidas preferidas.
 

Pataki (1)
Por causa do feitiço usado por Nanã para engravidar, Asowuano nasceu todo deformado. Desgostosa com o aspecto do filho, Nanã abandonou-o na beira da praia, para que o mar o levasse. Um grande caranguejo encontrou o bebé e atacou-o com as pinças, tirando pedaços da sua carne. Quando Asowuano estava todo ferido e quase morrendo, Yemanjá saiu do mar e o encontrou. Penalizada, acomodou-o numa gruta e passou a cuidar dele, fazendo curativos com folhas de bananeira e alimentando-o com pipoca sem sal nem gordura até que o bebé se recuperou. Então Yemanjá criou-o como se fosse seu filho.

 

Pataki (2)
Quando Asowuano ficou rapaz, resolveu correr mundo para ganhar a vida. Partiu vestido com simplicidade e começou a procurar trabalho, mas nada conseguiu. Logo começou a passar fome, mas nem uma esmola lhe deram. Saindo da cidade, embrenhou-se na mata, onde se alimentava de ervas e caça, tendo por companhia um cão e as serpentes da terra. Ficou muito doente. Por fim, quando achava que ia morrer, Olorun curou as feridas que cobriam seu corpo. Agradecido, ele se dedicou à tarefa de viajar pelas aldeias para curar os enfermos e vencer as epidemias que castigaram todos que lhe negaram auxílio e abrigo.

 

Pataki (3)
Asowuano tinha o rosto muito deformado e a pele cheia de cicatrizes. Por isso, vivia sempre isolado, se escondendo de todos. Certo dia, houve uma festa de que todos os Orixás participavam, mas Ogun percebeu que o irmão não tinha vindo dançar. Quando lhe disseram que ele tinha vergonha de seu aspecto, Ogun foi ao mato, colheu palha e fez uma capa com que Asowuano se cobriu da cabeça aos pés, tendo então coragem de se aproximar dos outros. Mas ainda não dançava, pois todos tinham nojo de tocá-lo. Apenas Iansã teve coragem; quando dançaram, a ventania levantou a palha e todos viram um rapaz bonito e sadio; e Oxum ficou morrendo de inveja da irmã.

 

Pataki (4)
Quando Asowuano se transformou em um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo. Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saiam dos combates mutilados ou morriam de peste. Assim ele chegou em território Mahí, no Daomé. Quando souberam da chegada iminente de Asowuano, os habitantes desta região consultaram, apavorados, o oráculo e ele assim falou:

 

"Ah! O Grande, Guerreiro chegou de Empê!, Aquele que se tornará senhor do país! Aquele que tornará esta terra rica e próspera, chegou! Se o povo não o aceitar, ele o destruirá! É necessário que supliquem a ele que os poupe. Façam-lhe muitas oferendas; todas que ele goste: inhame pilado, feijão, farinha de milho, óleo de palma, picadinho de carne de bode e muita, muita pipoca! Será necessário também que todos se prostrem diante dele, que o respeitem e o sirvam. Logo que o povo o reconheça como pai, Asowuano não os combatera, mas protegerá a todos!"

 

Quando ele chegou, conduzindo seus ferozes guerreiros, os habitantes reverenciaram-no, encostando suas testas no chão e saudaram-no:

 

"Totô hum! Totô hum! Atotô! Atotô!" (respeito e submissão).

 

Asowuano acolheu os presentes e as homenagens e instalou-se assim entre os Mahís. O país prosperou e enriqueceu. Asowuano é considerado o deus da varíola e das doenças contagiosas. Ele tem, também o poder de as curar. As doenças contagiosas são, na realidade, punições aplicadas àqueles que se conduziram mal ou o ofenderam. Seu verdadeiro nome é perigoso demais para ser pronunciado, por isso aqui foi omitido. Por prudência, é preferível chamá-lo de Omulu (Filho do Senhor), ou Asowuano (Rei, Senhor da Terra).